Pedro Ponte

Bem, o meu pai é a pessoa de quem eu mais odeio falar, no entanto, hoje quero falar porque é um assunto que não me dói minimamente. Quando a minha mãe estava grávida de mim, o meu pai traiu-a vezes sem fim com várias mulheres, havia noites que nem aparecia em casa e meses em que não dava um tostão para alimentá-la. Houve um dia que desapareceu de vez, abandonou-a totalmente durante 4 meses. Se não tivessem sido a minha avó materna e a minha tia eu talvez hoje nem existisse. Um dia, ele voltou a casa e a minha mãe ficou com esperança de que tudo voltasse à paz anterior. Aconteceu exatamente o contrário. Ele batia-lha dia após dia, a minha mãe tornou-se um alvo fácil de violência doméstica. Era raro o dia que a vizinhança não visse a PSP na minha casa. Houve um dia que o meu pai empurrou-a das escadas abaixo e deixou-a deitada no chão com sangue na cabeça e fugiu. Duas vizinhas ouviram os gritos e ajudaram-na a levar para o hospital com urgência. Caso elas não tivessem ouvido a minha mãe tinha tido um aborto e eu nunca teria nascido. Com 3 anos, vim com a minha mãe viver com a minha avó para os Arrifes. O divórcio foi muito difícil porque era no tempo em que, se o marido não quisesse divorciar-se, ninguém se separava. Fez-nos a vida negra durante quase 5 anos: falava mal da minha mãe em todo o sítio, impedia que ela conseguisse um emprego (chegava a difamá-la no local de trabalho), assaltava-nos a casa etc. Houve um dia até que eu estava a brincar no quintal e ele raptou-me. Apenas a polícia conseguiu que ele me devolvesse. Ainda pior que isso foi ele ter assaltado a nossa casa e ter roubado documentos importantes da minha avó, aqueles que provam que ela era dona da casa e de alguns terrenos do meu avô falecido e colocou tudo à venda no jornal. Por pouco não ficamos a viver na rua à esmola. Depois de muitos problemas em tribunais, com polícias e advogados, finalmente a minha família conseguiu paz no dia 1 de Janeiro de 2005, quando conseguimos recuperar todo o nosso património e ele foi colocado na cadeia. Infelizmente, até porque o Diabo tem amigos em toda a parte, o meu avô paterno foi pagar ao Tribunal para soltarem-nos duas semanas depois. A minha mãe conseguiu recuperar o amor e casou-se em 2008 com o meu padrasto, aquele a quem eu posso chamar de pai, porque mesmo não tendo laços sanguíneos comigo, faz o seu papel na perfeição. O meu pai conseguiu incendiar o carro do meu padrasto e a ameaçá-lo constantemente. Já esfaqueou um homem, é um ladrão como eu nunca vi, passa a sua vida com uma puta nova todos os dias, etc. Hoje em dia, por mais que ele me telefone ou me veja fora de casa, eu simplesmente ignoro-o ou mando-o para a PORRA, porque é aquilo que ele merece ouvir. Da minha boca ele nunca mais vai ouvir uma palavra sequer, muito menos aquela de «pai» porque prefiro chamar isso ao meu padrasto do que a um bandido e a um monstro que tentou até mesmo matar-me. Não sintam pena de mim, porque eu próprio já superei tudo isto ;)

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